segunda-feira, 14 de setembro de 2009


O Texto a seguir é um trecho que conta um período do Teatro Flávio Império em que o mesmo fora coordenado artísticamente pelo Cia. Estável. A matéria na integra pode ser lida no site "O SARRAFO": http://www.jornalsarrafo.com.br/sarrafo/edicao09/mat02.htm


VAMOS METER O PÉ NA PORTA?

Vários grupos do teatro brasileiro recente conquistaram seu direito à existência através de uma prática que a história mostrou ser justa: a ocupação. O texto abaixo, do jornalista e pesquisador Valmir Santos, mostra o vínculo entre o teatro independente e a construção do espaço próprio.

INÁ CAMARGO COSTA




No quesito política pública para a cultura, a cidade de São Paulo assiste, entre 2000 e 2004, a um dos períodos mais ativos em relação aos teatros distritais ou equipamentos afins. Primeiro no Departamento de Teatro, depois na própria Secretaria Municipal da Cultura, o ator Celso Frateschi mobiliza sua equipe para um plano de ocupação que atinge melhores resultados quando vincula a pesquisa de criação com a comunidade do respectivo espaço. Como emblema, citemos os trabalhos da Companhia Estável no teatro Flávio Império, em Cangaíba, zona leste. Entre 2001 e 2004, desenvolveram-se ali atividades que deram origem aos espetáculos Flávio Império – Uma Celebração da Vida, com dramaturgia de Reinaldo Maia, e O Auto do Circo, de Luis Alberto de Abreu, ambos dirigidos por Renata Zhaneta.
Inaugurado em 1992, o teatro Flávio Império nunca atraiu tanto público como na residência da Companhia Estável, que batizou seu projeto de Amigos da Multidão.
Um dos integrantes, o ator Nei Gomes, afirma que a companhia desenvolve um processo de aproximação com a vizinhança vizinhança e, aos poucos, cativa até quem nunca havia ido ao teatro, a maioria do entorno. Mesmo moradores de outras regiões da cidade “descobriram” aquele teatro por conta da boa repercussão crítica de O Auto do Circo, sobre a tradição da família circense segundo a memória de um velho palhaço, Coscorão.
Do outro lado da cidade, em Santo Amaro, zona sul, a Fraternal Cia. de Artes e Malas-Arte também empreende uma ocupação das mais elogiadas no teatro Paulo Eiró. Notadamente em Borandá, desdobramento da pesquisa dos elementos da comédia popular brasileira. A inspiração
vem dos migrantes de várias regiões do país que vivem em São Paulo, alguns moradores vizinho ao próprio teatro.
O dramaturgo Luis Alberto de Abreu recria a saga familiar de três deles, colhendo informações desde o local de origem, relatos de viagem e a fixação na cidade. “Borandá é o resultado teatral
da pesquisa feita pela Fraternal sobre o migrante, com o objetivo de refletir sobre a cultura e os valores de uma faixa da população que hoje constitui maioria e que tem alterado consideravelmente o perfil das metrópoles, principalmente em sua periferia e regiões circunvizinhas”, escreve Abreu.

VALMIR SANTOS
jornalista e pesquisador teatra
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